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quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

O Natal e o Papai Noel: Despertando Sonhos.



O Natal chegou, com ele vem o despertar dos sonhos e da solidariedade, um sentimento que se renova principalmente por que se encerra um ano e inicia-se um novo ano, onde tudo pode dar certo....
Penso que todos deveriam acreditar na fantasia do Papai Noel, nenhuma criança deveria ter suas esperanças destruídas por um adulto sem esperanças dizendo: Papai Noel não existe.
Nicolau foi um exemplo de solidariedade tanto que a figura do bom velinho foi inspirada nesse bispo que nasceu na Turquia em 280 d. C. Um homem de bom coração que costumava ajudar pessoas pobres, deixando saquinhos com moedas próximas as chaminés das casas.

Sonhar pode ajudar a enfrentar as adversidades da vida de maneira criativa e positiva. Todo adulto deveria acreditar na magia do Natal, na esperança de um ano melhor, de uma vida melhor.
Tomada por esta energia que nos envolve nesse fim de ano, desejo que todos sonhem com suas conquistas num ano que vai surgir e, não esqueçam de alimentar os sonhos, os seus e de outros.

terça-feira, 21 de dezembro de 2010

Arte Popular enquanto Arterapia


A palavra arte é uma derivação da palavra latina “ars” ou “artis”, correspondente ao verbete grego “tékne”. O filósofo Aristóteles se referia a palavra arte como “póiesis”, cujo significado era semelhante a tékne. A arte no sentido amplo significa o meio de fazer ou produzir alguma coisa, sabendo que os termos tékne e póiesis se traduzem em criação, fabricação ou produção de algo.
Fazer uma definição específica para a arte não é simples, assim como determinar a sua função no dia a dia das pessoas, pela possibilidade de exercer funções pragmática, formal ou, ainda, possuir uma dialogicidade entre as duas funções. Muitas pessoas consideram a arte uma coisa supérflua, não compreendendo a subjetividade estética do objeto artístico, que é dar prazer.
A cultura de um povo é preservada através da sua arte, seja ela popular ou erudita, pois possibilita estudar e compreender aquelas civilizações que não mais existem e cria um sentido para as que ainda hoje fazem a sua história. Há no mundo atualmente diversos povos que são conhecidos pelo resgate de seus objetos artísticos, como: cerâmicas, esculturas, pinturas, entre outros. A arte nos permite viver melhor, ter diferentes olhares sobre um mesmo objeto ou situação, ela nos faz sonhar. A proposta de um verdadeiro artista, e não de um simples artífice, é tocar os sentidos de quem apreciará sua obra, é possibilitar a fruição da sua arte. O ser humano que lida com a arte, seja ela: cênica, visual ou sonora, certamente encontra-se passos adiante dos que não têm contato com o objeto estético. É preciso ser artista e se recriar a cada dia.
A “arte popular” ou “folclore” tem como característica o anonimato em relação à autoria, pois se pode até saber que cultura a criou, porém não há como identificar o nome do autor. Ela é uma arte anônima, produzida por colaborações de diferentes pessoas ao longo do tempo. A arte popular expressa o sentimento e as idéias da coletividade, dentro de padrões fixos no seu fazer artístico e é destinada para a fruição do próprio povo que a criou.
A musicoterapia, a dançaterapia e a arteterapia são métodos bem fundamentados que combinam bem com a expressividade do brasileiro em geral. Nossa alma é calorosa, forte, expressiva e a arte tem ajudado a trabalhar eficazmente nosso povo. A arteterapia é utilizada em muitas instituições e está no imaginário popular do Brasileiro nas suas diversas manifestações folclóricas.
No Brasil, costuma-se chamar de “arte popular” a produção de esculturas e modelagens feitas por homens, mulheres e crianças que, sem jamais terem freqüentado escolas de arte, criam obras de reconhecido valor estético e artístico. Seus autores são gente do povo com poucos recursos econômicos, que vivem no interior do país ou na periferia dos grandes centros urbanos e para quem “arte” significa, antes de mais nada, trabalho.
Apesar de fortemente enraizada na cultura e no modo de viver das pequenas comunidades nas quais tem origem, a arte popular exprime o ponto de vista de indivíduos cujas experiências de vida são únicas. Apresenta os principais temas da vida social e do imaginário — seja por meio da criação de seres fantásticos ou de simples cenas do cotidiano — numa linguagem em que o bom humor, a perspicácia e a determinação têm lugar de destaque. Talvez venha daí seu forte poder de comunicação, que ultrapassa as fronteiras de estilos de vida, situação sócio-econômica e visão de mundo, interessando a todos de maneira indistinta.
Os bonecos populares são a forma mais elementar e arquetípica de teatro, segundo emblema. Os emblemas servem também para determinar estilos estéticos, forma de conhecimento cultural, em consonância com o saber figurativo e ritual da cultura a que pertence. A marionete é um mecanismo para narrar, atuar em um cenário, imitar um movimento. O boneco é um instrumento que serve a algo que transcende sua materialidade, se presta a transmitir idéias, sensações, vivencias, através de meios não objetivos para semear no campo objetivo. O boneco legitima a informação para a criança.
O mundo da arte popular brasileira — ou seja, o mundo dos costumes, das religiões e festas que se revelam por seu intermédio e lhe servem habitualmente de tema — é bastante complexo e dinâmico. As obras são feitas em todas as regiões do Brasil, e seus autores utilizam os materiais que têm à mão, como barro ou madeira, e ainda outros, como areia, palha, contas, tecidos e penas de aves. Para muitas pessoas, prestar atenção nos diversos estilos, cores e materiais que compõem as obras dos artistas populares pode descortinar um mundo de arte desconhecido. Conhecer essa produção também é conhecer melhor o Brasil e os brasileiros.
Uma das grandes conquistas conseguidas com a arte enquanto terapia são as propriedades terapêuticas dos materiais. Um rolo de barbante pode permitir a percepção e integração de noções de espacialidade. As cores quando bem utilizadas podem permitir a harmonização afetiva, emocional. A modelagem permite estimulação tátil, o trabalho muscular, a estruturação postural assim como as capacidades de concretizar e planejar. A técnica de desenho, inicialmente, utilizada apenas projetivamente, tem na terapia pela arte papel de desenvolver a esfera cognitiva, além da capacidade de abstração.

Contribuições de Samara de Oliveira Lima Psicóloga Especialista em Desenvolvimento Infantil

sexta-feira, 3 de dezembro de 2010


Dia 1º de Dezembro é Dia Mundial de Combate a AIDS. É um dia dedicado a reflexão sobre as medidas preventivas e a necessidade da sociedade ser solidária com os portadores do vírus da AIDS.
Transformar o 1º de dezembro em Dia Mundial de Luta Contra a Aids foi uma decisão da Assembléia Mundial de Saúde, em outubro de 1987, com apoio da Organização das Nações Unidas – ONU.
A data serve para reforçar a solidariedade, a tolerância, a compaixão e a compreensão com as pessoas infectadas pelo HIV/aids.
A escolha dessa data seguiu critérios próprios das Nações Unidas. No Brasil, a data passou a ser adotada, a partir de 1988, por uma portaria assinada pelo Ministério da Saúde.

Porque o laço vermelho?
Visto como símbolo de solidariedade e de comprometimento na luta contra a aids. O projeto do laço foi criado, em 1991, pela Visual Aids, grupo de profissionais de arte, de New York, que queriam homenagear amigos e colegas que haviam morrido ou estavam morrendo de Aids.
O laço vermelho foi escolhido por causa de sua ligação ao sangue e à idéia de paixão, afirma Frank Moore, do grupo Visual Aids, e foi inspirado no laço amarelo que honrava os soldados americanos na Guerra do Golfo.
Foi usado publicamente, pela primeira vez, pelo ator Jeremy Irons, na cerimônia de entrega do prêmio Tony Awards, em 1991. Ele se tornou símbolo popular entre as celebridades em cerimônias de entrega de outros prêmios e virou moda. Por causa de sua popularidade, alguns ativistas ficaram preocupados com a possibilidade de o laço se tornar apenas um instrumento de marketing e perdesse sua força, seu significado. Entretanto, a imagem do laço continua sendo um forte símbolo na luta contra a aids, reforçando a necessidade de ações e pesquisas sobre a epidemia.

O amor e a solidariedade não curam, mas diminuem o preconceito

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Preciosa: Uma História de Esperança


Indicação de filme: Preciosa: Uma história de esperança
Direção Lee Daniels

Sua história não difere das muitas que escutamos por aí ou mesmo assistimos na TV, é... trata-se de realidade. Realidade que tentamos combater. A vida imita a arte ou a arte imita a vida?

O filme trata de questões de violência doméstica, familiar e/ou privada (diferentes nomes para a mesma conceito). Uma adolescente de 16 anos sofre maus tratos pela mãe, a menina cresce ao som de elogios mais bárbaros para a formação de uma boa estima, sendo cotidianamente violentada psicologicamente. Aos 3 anos de idade seu pai a molesta pela primeira vez enquanto fazia sexo com sua mãe, Preciosa cresceu nesse contexto de violência e aos 16 anos tem o segundo filho do seu pai, sendo a primeira portadora da síndrome de down, além de se descobrir soro positivo. Ela queria ser como as outras meninas, mas como se tornar? Seu pai lhe abusou sexualmente, lhe deu 2 filhos, lhe passou HIV e sua mãe lhe culpava por ter roubado seu homem, como?
O que mais me chamou atenção nesse filme foi o sonho, os sonhos ou o sonhar, digo aquele sonho acordado, o desejo, a fantasia, como recurso positivo daqueles que mesmo desacreditados do amor relutam em tê-lo.
“como posso acreditar no amor, se o amor abusou sexualmente de mim, se o amor me violentou e me abandonou?”
Ora, Sorte? Por ter sido expulsa da escola, por te tido suspenso seu auxilio assistencial, por ter ido para numa escola alternativa. Não, algo dentro dela pulsava pela vida e seus sonhos sempre foram de que sua vida seria melhor.

O filme traz muitos aspectos a serem refletidos, é um ótimo instrumento para os profissionais que atuam com vitimas de violência. Para os que já foram ou são vítimas. Porém para mim um elixir à vida ou à arte.

terça-feira, 24 de agosto de 2010

A afetividade entre pessoas do mesmo sexo


Diz o poeta Goethe que a homossexualidade é tão antiga quanto a humanidade. Os primeiros registros históricos são datados de mais ou menos cinco séculos antes do nascimento de Cristo. Egípcios, gregos, romanos, possuem casos de homossexualidade em sua história, alguns bem famosos como o general Alexandre Magno e Platão.
Um dos registros mais antigos que se tem de uma relação homossexual é dos deuses egípcios Oros e Seti. Na mitologia Grega, podemos usar o exemplo de Laio, pai de Édipo, que teve um relacionamento homossexual com Crísipo. Quando Crísipo se suicidou por causa deste amor proibido, seu pai, tomado da dor e frustração por este relacionamento e seu final trágico, amaldiçoou Laio a ser traído e assassinado por seu filho, que viria a ser Édipo.
No Egito, como na Mesopotâmia, existiam formas institucionalizadas de homossexualidade. Entre os gregos e romanos, havia a aceitação de relações sexuais entre homens, como demonstração de poder, sem que esses deixassem de ter suas mulheres. Na sociedade ateniense, era natural que um jovem fosse possuído sexualmente por um adulto, porque seu papel na sociedade era de passividade.
Os temíveis exércitos de Tebas e de Esparta possuíam unidades formadas por pares de amantes homossexuais. Essas tropas, capazes de bravura suicida, eram estimuladas por idéias como as de Platão, que achava que um homossexual nunca abandonaria seu amante em combate e procuraria honrá-lo com feitos heróicos.
Mais atualmente, aparecem registros da homossexualidade feminina. Ela esteve na moda em vários períodos no Japão, do século XI ao XIX e na China Imperial, como no século XI. Chegou a ser institucionalizada entre os maias no século XV.
De lá para cá muitas coisas mudaram, em Abril de 2008 o Brasil realizou seu primeiro casamento gay. A cerimônia foi realizada em São Paulo, além de um contrato de parceria oficializando a União Estável entre os dois, Felipeh e Rafael, que vivem juntos há cinco anos, vão realizar uma cerimônia religiosa.
No dia 28 de junho deste ano Belém celebrou o primeiro casamento homossexual do Pará, no dia internacional do orgulho de ser LGBT. Com direito cerimônia oficial e celebração em Boate gay a festa teve protocolo, lista de presentes, alianças e uma festa para convidados ilustres, entre eles políticos, empresários e artistas. Para acontecer a celebração, os casais tiveram que comprovar que já vivem uma relação estável há mais de dois anos, através de testemunhas e documentos de residência, conta em banco, bens patrimoniais e outros. Esse foi um grande passo na capital paraense para a garantia desses e de outros direitos que são negados.
Não é fácil contar a história da homossexualidade, pois ela esteve sempre nos bastidores. O que se pretende é esclarecer questões que fazem parte da humanidade sem declinar a série de vocábulos e expressões utilizados para identificar um fato natural, que sempre existiu, mas que a humanidade insiste em rejeitar: o amor ao mesmo sexo. O preconceito e a discriminação que cercam as variantes que se afastam da sexualidade aceita como correta - pelo simples fato de ser majoritária - levam ao surgimento de denominações que acabam sempre escorregando para o deboche.
No princípio, chamavam-se sodomia as relações de pessoas do mesmo sexo. Seguiu-se a expressão homossexualismo, que foi afastada por significar "desvio ou transtorno sexual". O sufixo "ismo" utilizado para identificar doença foi substituído por "dade", que quer dizer "um modo de ser". Assim, surgiu a palavra homossexualidade, que, na Classificação Mundial das Doenças – CID, passou a nominar: "transtorno da preferência sexual".
Jurandir Freire Costa, com inegável autoridade, denuncia a conotação pejorativa de tais expressões e introduz o vocábulo homoerotismo, pretendendo revalorizar as experiências afetivo-sexuais.
Com essa mesma intenção, mas buscando subtrair o teor sexual dos relacionamentos interpessoais, se criou o neologismo homoafetividade, para realçar que o aspecto relevante dos relacionamentos não é de ordem sexual. A tônica é a afetividade, e o afeto independe do sexo do par.
No passado, casais homoafetivos costumavam viver juntos, mas não exibiam publicamente sua relação como meio de evitar discriminação. Muitos casais agora vivem abertamente e reivindicam a legitimação de seu relacionamento através de casamento simbólico, várias formas de união legal e criação de filhos. O casamento homoafetivo tem sido reconhecido por numerosas religiões e instituições políticas. Além disso, um recente caso judicial em Nova Jersey estabeleceu o direito de os parceiros homoafetivos terem nomes de casados, o que invalidou a política estadual sobre o contrário. A determinação do juiz incluiu o reconhecimento específico da legitimidade das uniões estáveis com o mesmo sexo.
Apesar da semelhanças com a relação cojugal heterosexual os casais homoafetivos possuem suas peculiaridades principalmente entre os casais gays e os casais lésbicas, justamente porque há uma diferença neurológica, biologica e social entre os gêneros. Ou seja, embora cada casal homossexual seja peculiar, algumas generalizações se aplicam e são pontos úteis na avaliação de casais específicos. Não é surpreendente que os casais de gays e lésbicas se diferenciam de maneiras características, exibindo os casais gays comportamentos masculinos mais tradicionais e os casais de lésbicas exibindo mais características associadas a mulheres em outros contextos.
Comparados os casais de lésbicas, os gays tendem a dar maior ênfase ao contato genital, têm atividade sexual mais freqüente, ligações mais frouxas entre sexualidade e envolvimento emocional e intimidade, menos exclusividade nos relacionamentos, maior preferência por autonomia e mais inclinações exploratórias. Estudos anteriores sobre relacionamento homoafetivo masculino enfocavam a recreação descompromissada, e não relacionamentos íntimos duradouros. Pensa-se atualmente que os homens homoafetivos assumam padrões mais recreacionais do que os homens heterossexuais, as mulheres homossexuais ou as mulheres heterossexuais. Conquanto um grau de espírito de aventura sexual possa ou não ser problemático para o casal, os relacionamentos sexuais fora do casal podem trazer tensão ao relacionamento
Os casais de lésbicas tipicamente expressam características femininas, incluindo menor ênfase no contato genital, diminuição mais rápida da freqüência do contato sexual, maior ênfase na intimidade emocional e afeto, mais exclusividade nos relacionamentos e maior inclinação para estabilidade no longo prazo dos relacionamentos. Muitas mulheres homossexuais têm relacionamentos heterossexuais, casamentos e filhos. Algumas mulheres retornam aos relacionamentos heterossexuais após a dissolução de um relacionamento homoafetivo.
A natureza e o grau de compromisso do relacionamento variam de casal para casal. Os relacionamentos homoafetivos, como os arranjos heterossexuais, são diversos. Podem ou não envolver a vida sob o mesmo teto; podem ou não envolver exclusividade; podem ou não ser exclusivos de envolvimento heterossexual formal ou informal. Podem ser para a vida toda, por curto tempo, em série ou entre outros relacionamentos. A característica de definição é que os indivíduos se identifiquem como casal, independente da nomeclatura, conceituação e do sexo do parceiro.

terça-feira, 17 de agosto de 2010

TECNICA DE AVALIAÇÃO FAMILIAR - ARTE DIAGNOSTICO

Aspectos importantes:
O Arte-Diagnóstico Familiar foi desenvolvido por Hanna Kwiatkowska, professora de arte-terapia da Universidade George Washington e da Washington School of Psychiatry, nos Estados Unidos da América. A autora criou uma técnica de avaliação, utilizada no período de entrevistas, cuja linguagem terapêutica baseia-se em desenhos com temas pré-determinados. A família expressa, por meio da arte, sua capacidade de criatividade, de flexibilidade e de integração, apresentando sua distribuição de papéis e suas formas de comunicação, assim como a dinâmica de seu funcionamento.
O sintoma de um membro deverá ser considerado um sintoma da patologia familiar. Recorrer às técnicas de avaliação diagnóstica nas entrevistas preliminares vai além do objetivo de diagnosticar a patologia da família, uma vez que elas também são um facilitador para a adesão da família à psicoterapia. O psicoterapeuta deve sentir-se confortável em aplicar as técnicas de avaliação, escolhendo qual ou quais serão aplicadas, de acordo com o contexto de cada família. A finalidade da aplicação deve estar clara para o profissional: avaliar a interação familiar, conhecer a história da família, constituir um vínculo terapêutico, elucidar a demanda familiar, estabelecer a adesão dos membros ao tratamento e implicar a família na efetuação de mudanças.
A construção desse instrumento foi gradual, passando por diversas modificações e sendo submetido a várias pesquisas. Somente após muitos anos de estudos, finalmente, estruturou-se o ADF como instrumento de avaliação confiável e imparcial. A partir das pesquisas realizadas, concluiu-se que o material artístico espontâneo, produzido nas sessões com as famílias e com os pacientes psicóticos, ajudava os membros familiares e os psicoterapeutas a entenderem melhor os problemas familiares (Kwiatkowska, 1978).
As tarefas que compõem o ADF foram inspiradas em desenhos que apareciam naturalmente nas sessões de arte-terapia familiar. Observou-se que, ao desenvolvê-los, as famílias freqüentemente traziam temas em comum que estimulavam ricas discussões familiares. O ADF consiste na estruturação de seis tarefas realizadas em apenas uma sessão, com todos os membros possíveis da família, até mesmo a presença das crianças pequenas mostra-se importante para revelar segredos e a dinâmica familiar. Esta técnica permite obter também dados referentes às interações, separações, dominação, submissão, retraimento, dentre outros aspectos, de membros da família ou subsistemas. Para a realização dos desenhos, são utilizados cavaletes formando um semicírculo no setting, de modo que todos os membros da família possam ver os desenhos dos demais e comentá-los. Em cada cavalete há uma prancha com seis folhas de papel de tamanho 18x24 cm e uma caixa com lápis cera de cores variadas. Após cada etapa, pede-se à família para retirar a folha usada.
Em todos os desenhos deverão ser observados os comportamentos verbais e não verbais, as interferências feitas nos desenhos dos outros e a ordem de finalização dos desenhos (quem termina primeiro ou por último). A família é convidada a expressar-se livremente, é pedido para cada membro assinar, datar e dar um título às respectivas criações.
A seqüência das tarefas propostas por Kwiatkowska (1971, 1978) é a seguinte: (a) Primeiro desenho livre; (b) Retrato da família; (c) Retrato da família abstrata; (d) Rabisco individual; (e) Rabisco em conjunto; (f) Segundo desenho livre. Essa seqüência é de fundamental importância, pois cada tema pode provocar afetos intensos e estressantes, sendo trabalhados no desenho posterior, como por exemplo, na criação do Retrato da família abstrata, tarefa durante a qual o nível de ansiedade e estresse pode se intensificar. Por isso, logo após esta etapa, faz-se um exercício de relaxamento, pedindo aos membros da família que façam movimentos com os braços e criem um rabisco no ar, desenhando-o em seguida no papel.
De acordo com Kwiatkowska (1978), a primeira e a última tarefa foram inspiradas na técnica criada por Elionor Ulman, psiquiatra norte-americana que foi pioneira ao pesquisar sobre o uso da arte no diagnóstico psiquiátrico. O primeiro desenho, Primeiro desenho livre, é onde se registram as primeiras tensões do grupo familiar: pede-se que os membros da família "façam um desenho daquilo que vier à cabeça, que desenhem qualquer coisa que tenham vontade" (Kwiatkowska, 1978, p. 86).
O tema da segunda tarefa foi inspirado na freqüência com que os membros familiares desenhavam espontaneamente a família. O Retrato da família favorece discussão espontânea, quando é pedido a eles que "façam um desenho de sua família, cada pessoa, incluindo você mesmo" e que "façam um desenho da pessoa toda" (Kwiatkowska, 1978, p. 87). Nesse desenho, podem surgir várias perguntas relativas a quem incluir e como desenhar, devendo ser incentivado que seja criado da forma como a pessoa prefira. Ao terminarem, é solicitado que identifiquem cada membro desenhado.
Um momento que gera muita interação entre os membros da família é quando são solicitados a criar o terceiro desenho: Retrato da família abstrata. Esta tarefa é a mais difícil de ser explicada, e a que leva mais tempo para ser realizada, pois não é fácil de ser elaborada nem mesmo para as famílias mais integradas. Ela tem como objetivo colher informações simbólicas de cada membro. Pede-se que façam outro desenho da família, distinguindo cada membro, incluindo o próprio sujeito. No entanto, não devem desenhar rostos ou corpos, mas usar somente cores e formas para representar o que pensam ou sentem a respeito de cada membro da família.
De acordo com Touson (2002), médico e psicoterapeuta argentino, as cores representam uma forma idônea de se conhecer o inconsciente e o mundo interior do sujeito. Ele justifica a importância das cores devido a sua presença em tudo que nos é visível. Elas são portadoras de conteúdos e significados complexos, que vão além da escuta e da observação sobre a representação do objeto. Desde a escolha da cor até a intensidade do traço, pode-se analisar a expressão espontânea das emoções do sujeito. A partir das considerações deste autor, pode-se afirmar que o uso de cores e formas, na terceira tarefa do ADF, é bastante adequado para representar abstratamente cada membro da família.
O Rabisco individual é a quarta tarefa e oferece uma avaliação individual de cada membro familiar. Solicita-se que façam um rabisco no ar, depois desse movimento livre, solicita-se que cada um fique diante de sua folha, feche os olhos e faça o mesmo tipo de rabisco no papel. Depois do rabisco feito, pede-se que olhem o rabisco e vejam que imagem parece emergir deste, desenhando-a em seguida.
O clímax de ansiedade do grupo familiar se dá no quinto desenho, Rabisco em conjunto, quando são dadas as mesmas instruções do rabisco individual, mas com uma diferença. Solicita-se ao grupo que escolham o rabisco e criem um desenho em conjunto. É importante o mínimo de interferência do psicoterapeuta, com o objetivo de deixar a família muito à vontade. Nesse desenho é solicitado que decidam também o título e a forma de assinarem juntos.
Por fim, o último desenho solicitado, Desenho livre, tem como objetivo a redução da ansiedade do grupo, finalizando da forma que foi começada a técnica. Todavia, existe uma diferença entre o primeiro e o último desenho livre, visto que a criação do último é realizada após a mobilização de afetos intensos. Ele oferece dados de como a família se expressa após momentos de estresse e ansiedade.
Na sessão seguinte deve-se realizar a "devolução" dos dados recolhidos nos desenhos de cada um. Deve-se, junto com a família, entender os significados simbólicos de cada desenho e interpretá-los. Devido à espontaneidade do desenho, as figuras normalmente expressam sentimentos inconscientes e pensar sobre elas é de alguma forma trazê-los à consciência.
Em sua prática clínica com desenhos, Touson (2002) observou que o ato da criação consiste em três momentos: o da expressão, o da contemplação e o da elaboração. O da expressão ocorre no momento da criação do desenho. A contemplação ocorre a posteriori, quando a pessoa tem a oportunidade de examinar e considerar com atenção o objeto expressado, reconhecendo-o como próprio e único. O último momento o da elaboração envolve a resposta e o insight do sujeito ao que foi expressado no papel e também contemplado.
Pode-se pensar nestes três momentos da criação, observados por aquele autor, e correlacioná-los com o ADF. Não seria impróprio afirmar que estes momentos estão presentes na aplicação e na sessão de "devolução" deste instrumento. Na primeira sessão de criação dos desenhos, ocorrem os momentos de expressão e contemplação. Este último envolveria a contemplação familiar em relação aos desenhos de cada membro. Etapa importante de ser observada, pois envolve o "olhar familiar" sobre seu próprio sistema.
Na sessão de "devolução" ocorre a re-contemplação e elaboração conjunta sobre os desenhos. A divisão didática proposta por Touson (2002) ajuda a pensar, de forma minuciosa, sobre a riqueza e coerência do ADF; sendo fundamental não só aplicá-lo, mas também interpretá-lo junto à família. O psicoterapeuta, durante a sessão de "devolução", incentiva a família a perguntar algo que gostaria de saber sobre os desenhos uns dos outros. Além disso, incita a família a pensar sobre o simbolismo das figuras desenhadas. As interpretações do psicoterapeuta são feitas somente depois de oferecer este espaço de reflexão para a própria família (Kwiatkowska, 1978).
Ainda na sessão de "devolução", aquela autora recomenda ao psicoterapeuta comparar o primeiro desenho com o último, com a finalidade de analisar como os membros da família se expressaram após passarem por um alto nível de estresse e ansiedade na sessão. Segundo a autora, são os dois desenhos livres que geralmente expressam mensagens mais importantes. A aplicação deste instrumento tem a particularidade de trazer à superfície assuntos que dificilmente seriam discutidos no início de uma psicoterapia, justamente pela possibilidade de o desenho representar os conteúdos inconscientes. Assim, o ADF, como instrumento de avaliação, não só contribui com dados significativos sobre a dinâmica familiar para o processo psicoterápico, mas também acelera a construção da demanda e a adesão ao tratamento



http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-863X2008000300011

terça-feira, 22 de junho de 2010

Separações, luto e rituais



Toda a sociedade humana necessita de rituais e processos para solidificar suas estruturas organizacionais, nós, seres humanos também precisamos de rituais de passagem, não somos diferentes. Processo é um caminho a ser percorrido. Cada um de nós para se constituir passa por um processo constante de crescimento e amadurecimento. Temos uma vida permeada por rituais: aniversários, formaturas, casamentos, etc...
O simbolismo dos ritos nos ajudam a representar aquilo que muitas vezes não se consegue dizer. Os rituais nos ajudam a suportar melhor a passagem de um estado de ser para outro, nos abrindo uma porta para uma nova fase na vida.
Para passarmos do estado civil de solteiro para o de casado é necessário o ato do casamento, tanto o civil quanto o religioso exigem uma preparação ritualística. Os rituais de passagem nos transportam de uma posição para outra, significando também um momento de decisão. Decidir significa responsabilidade e ter que deixar algo para trás. Por isso muitas vezes esses rituais e decisões vêem acompanhados de sofrimento. Assim toda decisão significa perder e ganhar alguma coisa simultaneamente.
O fim de uma relação amorosa é uma experiência cada vez mais comum entre os casais da sociedade ocidental, entretanto o comum não quer dizer banal, pois todas as separações são traumáticas, mas como cada um vivencia o fim ou o fracasso de uma relação amorosa estável é diferente.
Para algumas mulheres é mais difícil, principalmente se forem elas que ficarem com a casa, a sensação de abandono naquele espaço é ainda maior. Algumas desenvolvem mecanismos de elaboração depressiva para superar a dor.
Hoje se cobra felicidade eterna, seja feliz, Carpem Diem e etc... Eternas frases lidas e relidas nos perfis de site de relacionamentos. Sofrer? Jamais. Essa negação do sofrimento gera muito mais dor e uma maior carga de angustias para uma relação futura. É claro que a sociedade contemporânea dificulta a elaboração do luto com a negação do sofrimento de uma separação. Não é obrigatório sofrer, mas também não é proibido.
Um dos mais sofridos e traumáticos rituais é o da separação conjugal, alguns não conseguem transpor esse ritual e viver o luto necessário. O luto é talvez a única possibilidade de não ser destruído junto com o casamento, é imprescindível para o processo do abandono, da perda de forma criativa.
O luto é a reação a perda de um ente querido, é o mundo que se torna vazio. Algumas pessoas não conseguem dar andamento ou terminar esses processos, pois possuem grandes dificuldades de lidar com o luto, não conseguindo elaborar esse processo.
Contudo é preciso entender que a passagem do estado civil para outro, traz o mesmo sentindo do casamento, apesar do sofrimento do abandono. As pessoas se casam para serem felizes e se separam também, à procura da felicidade, o que é difícil é a dor da perda. Cumprir rituais, sair da posição de sofrimento, elaborar o luto, pode significar tomar a rédeas da própria vida e do próprio caminho.


bibliografia Consultada: PEREIRA CUNHA, Rodrigo & GOENINGA CAMARA, Giselle. Direito de Família e Psicanálise- Rumo a uma nova epistemologia. Rio de Janeiro: Imago, 2003.

segunda-feira, 8 de março de 2010

A relação mãae e filha e a formação da identidade feminina



As mulheres conquistaram prestígio e poder, conseguiram alinhar o charme e a competência, conseguiram aquilo que o movimento feminista lutava na década de 70, conquistaram seu lugar no mercado no trabalho e hoje disputam de igual para igual com os homens e assumiram o comando de “chefe de casa”, assim vê-se a mulher contemporânea, profissional, provedora do lar e mãe. É basicamente dessa mulher contemporânea e suas influências sobre a identidade da filha, futuramente mulher que falo aqui, a mãe como referência na construçao da feminilidade da filha.
Sabe-se que a mae é elevada a uma categoria de Outro pelos estudos psicológicos, principalmente pela psicanálise, a mãe na verdade encarna esse papel de Grande Outro, isso é um fato de extrema importância para o desenvolvimento infantil, embora mais tarde a criança desistitua a mãe desse lugar, é o que os sujeitos deveriam reconhecer que o Outro não existe como tal, a mãe apenas ocupa esse lugar. Para a mulher é mais dificultoso aceitar a inexistência desse Outro, pela busca ao falo.
O poder da mãe é extremamente forte na constituição do ser humano, pois é ela que além de atender as necessidades fisiológicas do bebe atende as necessidades amorosas do mesmo, assim o que impera é o seu poder, suas respostas constituem lei ou regulamentos, suas demandas são mandamentos, seus desejos são designíos. ­­­­­­Dessa forma a importância do estudo de famílias, nas quais a relação mãe e filha de alguma forma prevalece, se dá pela história particular que cada menina escreve com sua mãe ao longo de sua infancia e adolescência, assim costuma ficar um rastro dessa relação no constructo da feminilidade da menina, é deixado na filha uma indiferenciação em face da mãe em aspectos que tocam a sua identidade como mulher. (Zalcberg, 2003).
Assim a importância do tema proposto esta na forma que uma mãe vive o ser mãe e mulher, sem abdicar de nenhum desse aspectos pelos quais se constitui sua feminilidade, é que a filha pode encontrar apóio para formar a sua feminilidade, distinta da de sua mãe, assim cabe a cada mulher forjar-se uma identificação feminina pelos caminhos da inventividade e da criação.

Referencia bibliográfica

ZALCBERG, M. A relação mãe e filha. 9 ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2003.

segunda-feira, 1 de março de 2010


Trabalho X Família: Conseguimos Conciliar?


Conciliar a vida pessoal e familiar com o trabalho é um desafio da vida moderna. Se você possui uma atividade desenvolvida fora de casa sabe muito bem disso. Porém o que poucos se dão conta é como conduzir bem tal "conflito". Por mais que se fale da importância do equilíbrio entre estes dois "mundos", nem tudo é tão simples na prática.
Certa vez perguntaram a Sigmund Freud, grande psicanalista austríaco, o que ele achava que uma pessoa normal deveria ser capaz de fazer bem, e ele respondeu: “amar e trabalhar”. Ele acreditava que é por intermédio da família que as necessidades relacionadas ao amor são gratificadas e que o trabalho tem um efeito mais poderoso do que qualquer outro aspecto da vida humana de vincular uma pessoa à realidade. Por isso a resposta de Freud pode ser interpretada como uma ênfase no trabalho e na família para uma vida saudável.
Existem várias perspectivas sobre o trabalho, a econômica, por exemplo; proporciona-nos recursos financeiros para sustentarmos a vida e a aspiração para melhorarmos a qualidade de nossa vida material. E a Psicológica; o trabalho como fonte de identidade e união com outras pessoas, além de ser uma fonte de realização pessoal.
Quanto à família, sabemos que as de hoje são muito diferentes das “de antigamente”. Isso mesmo, as famílias vêem passando por importantes mudanças estruturais e funcionais nas últimas décadas. Essas transformações não foram acompanhadas pelas políticas organizacionais de algumas empresas, embora ainda existam famílias em que o pai trabalha e a mãe fica cuidando dos filhos em casa.
Normalmente, a grande discussão é como conciliar o conflito entre trabalho e família, e a saída é afirmar que dá para fazer ambos. Será?
As empresas possuem hoje grandes diversificações no quadro de funcionários, ou seja, contam cada vez mais com a presença de mulheres, genitores solteiros e casais com dupla jornada. O potencial de conflito e estresse aumenta à medida que a maioria dos trabalhadores enfrenta exigências de equilibrar trabalho remunerado e responsabilidades domésticas.
O problema pode ser particularmente difícil para casais em que ambos trabalhos e tem filhos pequenos e para pais solteiros. Certamente o de permanecer em casa com filhos doente ou de participar nas tarefas escolares.
Algumas pesquisas demonstram que casais com dupla jornada tem um estilo de vida orientado para o trabalho antes do nascimento dos filhos. Mas quando as crianças nascem esse sistema passa por profundas transformações. As demandas da vida doméstica aumentam e não podem ser adiadas, reprogramadas ou ignoradas. Ambos os cônjuges podem chegar a sua própria definição do que é necessário para o sucesso no trabalho e qual o nível de envolvimento adequado na família.
Pessoas que relatam altos níveis de conflito trabalho X família tendem a relatar pouca satisfação no trabalho, podendo ser associados à depressão, sintomas físicos, faltas e atrasos, insatisfação com a vida familiar e com a vida em geral.
Embora desempenhar o papel de pai e trabalhador possa ter efeitos adversos, particularmente para as mulheres, que geralmente assumem as maiores responsabilidades pelas crianças, os papéis duplos podem ter efeitos positivos, propiciando um aumento na auto-estima e do apoio social de outros. Assim, se você encontra uma boa situação no trabalho e na família tenderá estar satisfeito com ambos.
As empresas que se preocupam com o conflito trabalho X família têm adotado medidas para ajudar seus funcionários. As mais utilizadas são a flexibilidade do horário de trabalho e a pré-escola no local de trabalho. Para os funcionários com filhos pequenos ambas as medidas facilitam o controle das obrigações com o trabalho e com a família. Horários flexíveis permitem que se tenha tempo para lidar com as demandas da vida familiar, como levar uma criança doente ao médico. Dessa forma todos lucram; o funcionário quem tem aumento nos níveis de satisfação e a empresa que aumenta a produtividade com funcionários saudáveis e com menores índices de absenteísmo (faltas e atrasos).
A questão é justamente essa. Se você, como eu e a grande maioria das pessoas, tem de "conciliar" família com trabalho, é imprescindível determinar, muito antes das inevitáveis crises, quem você prioriza e coloca em primeiro lugar. Você não terá de tomar difíceis decisões de lealdade na última hora, pois a opção já terá sido previamente discutida e emocionalmente internalizada.